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Nina Lemos

"Síndrome da Melancolia de Fim de Ano": saiba como não surtar com ela

Nina Lemos

16/12/2017 13h10

(Foto: Getty Images)

Dezembro: mês em que a grande maioria dos adultos do mundo ocidental surta com a "síndrome da melancolia de fim de ano".

"O que estou fazendo da minha vida?", nos perguntamos, ao mesmo tempo em que temos que ir à festa da firma, comprar presentes e responder mensagens urgentes sobre a ceia. "Rabanada", dizemos, pensando que o ano acabou e não fizemos nada de incrível.

As solteiras, como é de regra, se preparam para responder "onde está o namorado", como se um homem fosse a única coisa que as validassem na vida. Quem tem filho, ou se prepara para passar por umas três festas de natal ou, se separadas, sofrem o drama do rodízio das crianças nas celebrações. Super relaxante.

Dezembro de 2017, o ano em que, além da síndrome, estamos afundados em uma crise econômica e as menores palavras podem ser responsáveis por brigas catastróficas. E como se a síndrome da melancolia do fim de ano não fosse o suficiente, no Natal de 2017 você descobrirá ainda que:

Natal é o Facebook da vida real

Sim, dentro de duas semanas você vai ter que encontrar os seus parentes com quem brigou por causa de política no grupo de WhatsApp da família e/ou no Facebook. Parte da sua lista de bloqueados, mais aqueles que você colocou no modo invisível vão se materializar como pessoas de carne e osso. O Natal é uma timeline sem opção de block e sem possibilidade de ocultar.

Que saudades do 13º

No Natal de 2017, pode ser até que você, pela primeira vez na vida, sinta inclusive saudades de festa de firma, já que está desempregado. Você reclamava, mas agora lembra que era uma época boa, onde até existia uma coisa chamada 13º salário. Saudades.

Presente bom é boleto pago

Sem décimo terceiro (situação de mais de 12 milhões de brasileiros desempregados, além dos que vivem de frilas) e depois de um ano como esse vem a dúvida: presentes ou boletos? Modestíssima opinião: boletos. Acho, sinceramente, que as famílias poderiam pular a parte dos presentes esse ano. Ou dar coisas usadas. Ou fazer amigo secreto de coisas de loja de R$ 1.99. Ok, se fizermos isso corremos o risco de nos sentir como crianças que não ganharam bicicleta ao ver os presentes ostentados no Instagram. Evite o Instagram.

"Cadê o namorado?" nem é uma pergunta tão ruim assim

"E o trabalho,como está?". Essa pergunta deveria ser abolida do Natal de 2017. Mas como sabemos, não existe bom senso em festas de família. Então, várias pessoas terão que responder que estão desempregadas, que não está nada bom ou que estão com medo de perder o emprego. Ideia: diga que virou empreendedor. A família provavelmente se acalmará com essa resposta, sem pensar que isso significa que você não tem décimo terceiro, que os boletos estão atrasados etc.

E como enfrentar tudo isso?

Sabendo que vai passar. Se você aguentou todo o ano de 2017 isso já significa que você é um sobrevivente. Então, você vai conseguir encarar essa. Se estiver difícil, repita o mantra: "vai passar, vai passar." Não sabemos quando, mas um dia vai.

Sobre a autora

Nina Lemos é jornalista e escritora, tem 46 anos e mora em Berlim. É feminista das antigas e uma das criadoras do 02 Neurônio, que lançou cinco livros e teve um site no UOL no começo de 2000. Foi colunista da Folha de S. Paulo, repórter especial da revista Tpm e blogueira do Estadão e do Yahoo. Escreveu também o romance “A Ditadura da Moda”.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre a vida das mulheres com mais de 40 anos, comportamento, relacionamentos, moda. E também para quebrar preconceitos, criticar e rir desse mundo louco.