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Nina Lemos

Dia das Mulheres: 10 promessas que devemos cumprir a partir da data

Nina Lemos

08/03/2019 04h00

Divulgação

"Essa ano eu vou parar de beber." "Esse ano eu vou emagrecer."

Pois bem, eu acho que a gente podia esquecer o ano novo e usar o dia de hoje, Dia Internacional da Mulher, para fazer promessas para a gente mesma. Afinal, hoje é dia de pensar (não, não de receber flores) sobre quanto o machismo atrapalha as nossas vidas. E de combatê-lo.

Esse machismo, muitas vezes, está dentro da gente mesma. Claro, tudo depende do jeito que fomos criadas. E, sim, é bem difícil crescer em uma sociedade machista como a brasileira sem danos.

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A gente sabe que algumas atitudes que tomamos são machistas e que elas acabam nos prejudicando. Sim, somos machistas com a gente mesma quando, por exemplo, achamos que estamos ficando loucas porque um cara está sendo agressivo, ou quando caímos na síndrome do impostor e pensamos: "quem sou eu para fazer esse trabalho?" Somos também machistas com outras mulheres, mesmo que sem intenção.

Abaixo, uma lista de promessas que podemos seguir (eu juro que vou tentar) a partir desse 8 de março.

1. Não se referir a outra mulher como aquela gorda, feia e velha

Quando a gente vê já está falando. "Vi a ex dele, está gorda e acabada". Sim, reproduzimos exatamente o que os homens dizem da gente. E não, chamar uma mulher de quem você não gosta de gorda não vai adiantar nada, só vai magoá-la e você vai alimentar a gordofobia. As pessoas são de tamanhos, idades , corpos e rostos diferentes, fim.

2. Não cair no conto de quando um namorado falar que todas as exs são loucas

Lembrem, a próxima ex louca vai ser você.

"Só namoro mulher louca." Os caras adoram falar isso. Gente, vamos perceber, quando falam isso estão nos chamando de loucas também. E outra, vamos tentar parar de nos auto-chamar de loucas. Eu mesma, confesso, adoro dizer: "desculpa, é que eu sou louca." E não, eu não sou.

3. Não espalhar fofocas sobre chefes ou colega mulheres

Vamos parar de falar que aquela colega teve um caso com alguém para subir na vida. Ou que aquela outra só é boa no que faz porque são "mal amadas".

 4. Parar de chamar qualquer mulher de mal amada

Já perceberam que esse termo sempre é usado para atacar mulheres? Quando falamos que um homem é mal amado? Pois é. Nunca.

5. Cobrar o que merecemos por um trabalho

Uma das partes mais difíceis. Sim, fomos criadas para nos acostumarmos com migalhas. E a achar que não somos boas assim, que alguém que nos dá um trabalho está nos fazendo um favor. Atenção, não existe esse tipo de favor. Se te deram um trabalho é por um motivo: você é boa.

6. Não cair em síndrome de impostor e ajudar as amigas que sofrem dela 

Ah, um dia vão descobrir que sou uma farsa, ah, eu não sou tão boa assim. Claro que é. Está provado cientificamente que nós, mulheres, sofremos mais de síndrome de impostor do que os homens, ou seja, nos achamos uma farsa. Não somos. E sempre vale lembrar isso para aquela amiga que te ligar falando que foi promovida mas não merece ou não vai dar conta. Diga para as suas amigas que elas são incríveis.

7. Não passar pano para abuso

Se aquele cara gato, ou mesmo seu namorado ou marido, for grosso, abusivo moralmente ou se ousar tipo apertar o seu braço, diga não. Se não tiver conseguindo sair sozinha da situação ou falar um me respeita do jeito que ele entenda, peça ajuda para uma amiga. E, claro, ajude suas amigas.

8. Chamar a polícia, ou dar um jeito de fazer um escândalo quando vir que uma mulher está apanhando 

Chega de "em briga de marido e mulher ninguém mete a colher". Todo dia lemos noticias de mulheres agredidas. O que fazer se ouvir a vizinha gritar por socorro? Pedir ajuda e socorrer, claro.

9. Não cobrar das mães coisas como, "nossa, quem está com o seu filho"?

As mães já são sobrecarregadas, inclusive porque em geral fazem mais que os pais. Já são cobradas, culpadas. Deixem as mães em paz! Mãe também é gente.

10. Não cobrem as mulheres por não serem mães

Ninguém é obrigado a ser mãe para "se sentir mulher de verdade." Você, mãe, não fale para a sua amiga sem filhos que ela "perdeu a chance de conhecer o grande milagre da vida." Pode até ser, mas com certeza sua amiga não precisa dessa outra cobrança!

Sobre a autora

Nina Lemos é jornalista e escritora, tem 46 anos e mora em Berlim. É feminista das antigas e uma das criadoras do 02 Neurônio, que lançou cinco livros e teve um site no UOL no começo de 2000. Foi colunista da Folha de S. Paulo, repórter especial da revista Tpm e blogueira do Estadão e do Yahoo. Escreveu também o romance “A Ditadura da Moda”.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre a vida das mulheres com mais de 40 anos, comportamento, relacionamentos, moda. E também para quebrar preconceitos, criticar e rir desse mundo louco.