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Nina Lemos

Manual de sobrevivência: como manter a educação virtual em tempos de cólera

Nina Lemos

09/04/2018 12h59

"Convoque seu Buda, o clima tá tenso." A frase do rapper Criolo define bem os dias em que vivemos, talvez os mais loucos do Brasil em épocas de redes sociais. Estamos todos malucos, tenha a gente a posição política que for. Mas dá para manter a educação virtual nesses tempos de cólera? Olha, eu, fanática por política desde que me lembro por gente (mais do que gostaria) e louca das redes sociais (por motivos profissionais, mas não só), acho que sim! E tenho experiência o suficiente para dar uns conselhos de como ser civilizado nessas épocas de barbárie. Afinal, já fui atacada por fã clube de humorista e de blogueira fitness. E sobrevivi.

Impossível? Não! É fácil (quer dizer, mais ou menos). Você precisa ter calma. E seguir algumas regras de noção e sobrevivência (todas são testadas e funcionam).

1-Não grite no Facebook do amigo que não pensa como você

O perfil de Facebook é tipo a casa da pessoa. A página é DELA. Então, ela escreve ali o que quiser. Se você for lá para discordar, puxa, entre na casa da pessoa com educação. Você toca a campainha dos seus amigos que votam em outro candidato no dia do resultado das eleições e gritam: "perdeu, playboy!"? Espero, sinceramente, que não. Debater é bom, claro. Mas com civilidade e cabeça fria. Ah, mas o que fazer quando o amigo vai e escreve coisas te provocando na sua página? Apague, oras. Sua bolha, suas regras.

2-Use o modo soneca do Facebook

Essa é a melhor ferramenta já inventada pela rede social mais odiada do planeta. Sim, eles roubam nossos dados, mas criaram um botão onde a gente pode clicar e dar "uma soneca de 30 dias" no amigo, o que significa que você não vai ver o que a pessoa escreve por esse período. Ideal para usar com amigos de infância e parentes que pensam completamente diferente de você quando o assunto é política, mas que você ama. Você não vai cair na tentação de brigar. E não, não vale a pena brigar com quem se ama!

3-Não escreva textões contra alguém e marque o nome da pessoa!

Só faça isso se você quiser rolar no gel da Internet. Quando você marca o nome, aparece na página da pessoa. Isso significa que ela pode acordar e dar de cara com algo do tipo "a Nina é uma idiota" em sua própria página (por favor, não façam isso comigo!). Isso é chamar para o duelo, e um duelo público, tipo "amanhã, às duas horas, na Ceilândia, em frente ao lote 14." Se fizerem isso com você e você não estiver a fim de dar uma de João de Santo Cristo, um conselho: desmarque seu nome. Não vão gostar, mas beleza.

4-Não alimente os trolls!

Troll é aquela pessoa (ou robô) que aparece para te chamar de feia, mal comida, e outros xingamentos. Eles não querem conversa, eles querem chamar atenção da pior maneira do mundo, que é te agredindo. A velha e certa lógica da internet ensina: se você os responder, eles vão te atacar mais, chamar os amigos, te infernizar. Existe um botãozinho genial para lidar com essas pessoas: chama block.

5-Peça desculpas

Você estava uma pilha e por isso foi uó com um amigo na chuva, na fazenda, no whatsapp, no Instagram ou na casinha de sapê? Peça desculpas. Fale que foi mal. Até os mais encolerados e surtados se rendem a essas palavras. A não ser que ele seja um troll, mas troll não se responde, como você já sabe.

PS. Tudo isso só vale se você quiser ser educado, não perder amigos e sobreviver. Se você não quiser… problema seu. Mas depois não reclama!

Sobre a autora

Nina Lemos é jornalista e escritora, tem 46 anos e mora em Berlim. É feminista das antigas e uma das criadoras do 02 Neurônio, que lançou cinco livros e teve um site no UOL no começo de 2000. Foi colunista da Folha de S. Paulo, repórter especial da revista Tpm e blogueira do Estadão e do Yahoo. Escreveu também o romance “A Ditadura da Moda”.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre a vida das mulheres com mais de 40 anos, comportamento, relacionamentos, moda. E também para quebrar preconceitos, criticar e rir desse mundo louco.