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Nina Lemos

Retrospectiva: 2018 teve "tênis do papai" e moletom de R$ 5 mil

Universa

16/12/2018 05h00

Não foi só na parte política (pessoas brigando, mortadelas x bolsomitos, etc ) que 2018 foi um ano estranho. Na moda e no comportamento também demos uma pirada. Teve gente comprando moletom de R$ 5 mil, outros usando tênis velho (com cara de tênis do pai) e muitas, muitas barbas (até decoradas). Confira abaixo a retrospectiva do blog das tendências m16ais bizarras do ano. Aquelas que esperamos que não continuem em 2019, já que 2018 foi um ano marcado, principalmente, pela ostentação. Chega de ostentar, gente, a vida não é um concurso!

1 – Tênis do papai

 

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Sim, inventaram que era moderno ter um corpo de pessoa normal. E chamaram isso de corpo de pai. Isso significa uma certa barriguinha de chope. Nada contra essa tendência, só que podiam também inventar a moda do corpo de mãe. Quando vai entrar na moda o corpo de uma mãe com barriga (sem ser aquele de quem pariu e voltou à forma em 2 dias)? Junto com o corpo de pai, veio algo ainda mais estranho, a moda do tênis feio, também chamado de tênis do papai. Sim, as pessoas PAGARAM (e caro, coisa de R$ 4 mil!) por tênis propositalmente feios. Agora, os experts em tendências dizem que moderno mesmo é se vestir totalmente como um pai, ou seja, não combinando. Preconceito com os pais. O que vocês vão ser quando você crescer?

2 – Barba com decoração

 

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Há alguns anos, os homens começaram a deixar crescer suas barbas, virando espécies de lenhadores sensíveis (como diria o amigo Xico Sá). Ótimo. Mas alguns piraram e deixaram barbas tão grandes que, além de tudo, essas barbas dão muito trabalho e, por isso, com elas, vieram as "barbearias gourmet", um espaço de beleza muito macho, charuto, cerveja… Como tudo pode ficar mais bizarro, surgiram peças de decoração para barba, como flores e, pasmem, luzes de Natal. É real, vi uma dessas para vender ontem por cerca de R$ 80.

3 – Hype Beast

"Quanto custa o outifit?"As respostas para essa pergunta chocaram o Brasil em um vídeo que viralizou. Isso porque os preços das peças de roupas de quem se diz um "Hype Beast" incluem moleton de R$ 5 mil, cinto de R$ 3 mil e por aí vai. Uma loucura. As marcas preferidas dessa turma são a Supreme, a BOP e a Off White e grifes tradicionais, como Gucci e Louis Vuitton, em versão street wear. Hype best famoso: Neymar.

4 – Camiseta com cores da Supreme

 

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A camiseta básica da grife americana Supreme, essa que é idolatrada pelos "Hype Beasts", tem um logo vermelho e branco . Podem reparar, existem camisetas de todas as marcas do mundo com as mesmas cores. Alguém ainda aguenta? Criatividade, galera.

5 – Vídeo de closet ostentação

Virou mania abrir o closet e mostrar o quanto se é rica, o quanto se tem, o quanto se guarda. Bizarro. As pessoas mostraram closets no Instagram, no Youtube, na casinha de sapê. Entre os que mais chocaram, estava o de Kylle Jener, que mais parecia uma loja de luxo. Para que mostrar essas coisas? Para causar inveja?

6 – Stories de recebidos

Parte da ostentação. Os influenciadores recebem muitos presentes (mimos) de marcas e fazem vídeos mostrando tudo aquilo que ganharam. O mais estranho é que, no Youtube, esses vídeos têm muita visualização. Ou seja, a pessoa comum, que não ganha presente, fica vendo o outro abrir sacolas e mais sacolas. No caso dos influenciadores com muitos seguidores, os "recebidos" viraram um negócio sério, que rende muito dinheiro. A pessoa pode falar que adorou um produto, quando na verdade nem gostou. Uma espécie contemporânea de propaganda enganosa que, convenhamos, só ajuda a marca e quem recebe "o mimo".

7 – G0ys

Eles são homens que gostam de transar com outros homens. Na verdade, mais ou menos. Eles ficam com caras, mas sem penetração. E eles não são gays, eles são machos, eles são… g0ys. Mas como? Vá entender, eles gostam de transar com homens mas não se acham gays porque curtem mais uma brodagem, um papo de homem. A coisa é séria. Esse ano, São Paulo sediou o Primeiro Encontro Nacional de Goys. Cada um faz o que quer, claro. Mas pra que se preocupar tanto com os rótulos, g0ys? E como se pronuncia essa palavra? Mistério.

8 – Unhas decoradas

 

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Fazer a unha é ótimo, decorar as unhas, divertido. Mas esse anoo pessoal deu uma exagerada, com unhas decoradas com pedras, desenhos de animais, tema de Copa do Mundo e até formigas vivas! Cada um tem um gosto, ótimo. Mas unha de gel (gigante) decorada como se fosse uma árvore de Natal não parece ser prático para o dia-a-dia.

9 – Blackfishing

 

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Isso é uma coisa séria que nem tem graça. Algumas influenciadoras estão sendo acusadas de… tentar parecer negras! Sim, eles usariam maquiagens para escurecer a pele e recursos como filtros. Objetivo: ser cool e ganhar seguidores e dinheiro (existe um enorme mercado para consumidoras negras). Um absurdo que tem sido denunciado pelas meninas negras que promovem a autoestima da mulher negra na internet, como, por exemplo, a aceitação dos cabelos cacheados. Se você é branca e faz isso… bem, não faça! E também não fale em transição capilar. Esse é um processo importante de aceitação para a mulher que foi xingada a vida toda por ter cabelo crespo, não é deixar o cacheado natural… Na dúvida, ouça o que as meninas negras têm para dizer antes de fazer essas coisas.

Sobre a autora

Nina Lemos é jornalista e escritora, tem 46 anos e mora em Berlim. É feminista das antigas e uma das criadoras do 02 Neurônio, que lançou cinco livros e teve um site no UOL no começo de 2000. Foi colunista da Folha de S. Paulo, repórter especial da revista Tpm e blogueira do Estadão e do Yahoo. Escreveu também o romance “A Ditadura da Moda”.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre a vida das mulheres com mais de 40 anos, comportamento, relacionamentos, moda. E também para quebrar preconceitos, criticar e rir desse mundo louco.