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Nina Lemos

De alimentos a máscaras: elas ajudam vulneráveis em tempos de coronavírus

Nina Lemos

13/04/2020 04h00

 

Desde que a crise do coronavírus começou, milhares de iniciativas no Brasil ajudam os mais vulneráveis a enfrentar a pandemia. As ações vão desde oferecer emprego a distribuir comida e itens de higiene para quem precisa, já que muitos perderam suas fonte de renda).

O Blog selecionou cinco iniciativas em que mulheres ajudam outras mulheres para você se inspirar. 

Veja também

Suéli comanda uma rede em que costureiras fazem máscaras. Eliana coordena o "Maré diz não ao Coronavírus", que distribui alimentos para famílias necessitadas e quentinhas para dependentes de drogas e moradores de rua. Sophia coleta doações e entrega cestas básicas em comunidades de São Paulo. Rose organiza doações de produtos de higiene e prevenção ao vírus para mulheres presas.

Conheça mais sobre os projetos abaixo, e saiba também como ajudar. 

Maré diz não ao Coronavirus

Redes da Maré

A professora Eliana Souza Silva é uma das fundadoras da Redes da Maré, organização que existe há 20 anos em um dos maiores complexos s de comunidades do Rio de Janeiro. Eles têm uma série de projetos que tentam dar estrutura para a favela, seja na área de segurança, saúde ou arte. No momento da crise do coronavírus, eles montaram o plano de emergência. O "Maré diz não ao Coronavírus" é dividido em várias ações. Uma delas é a distribuição de cards feitos em parceria com a Fiocruz com informações de prevenção ao Covid-19. "Temos que fazer dicas focadas na realidade da vida na favela, onde as pessoas moram em um mesmo cômodo, onde tem gente que nem tem água encanada", conta Eliana. Outra é a confecção de quentinhas. "Temos um projeto de bufê, feito na Casa de Mulheres da Maré. Com a quarentena, elas ficaram sem trabalho. Então, agora elas cozinham quentinhas para moradores de rua e dependentes de drogas da comunidade", diz Eliana. 

E tem mais. "Fazemos muitas pesquisas dentro da Maré. Assim, conseguimos mapear quais eram as seis mil famílias mais pobres da comunidade para que elas recebam cestas básicas durante esse período da epidemia." Detalhe, todos os produtos são comprados em comerciantes da Maré, para que o comércio local seja ajudado, através de doações em dinheiro. A quarta ação é a fabricação de máscaras por costureiras da comunidade. "Elas recebem e os moradores recebem as máscaras de graça", explica Eliana.

Como ajudar:http://mareonline.com.br/coronavirus/se-liga-no-corona/

Home Office das Costureiras do Brasil

A professora Suéli Socorro é uma das criadoras do projeto Costurando Sonhos, que começou em Paraisóplis, com uma oficina de capacitação que costureiras que criaram coleções até para a São Paulo Fashion Week. "Trabalhamos com mulheres vítimas de violência doméstica, para que elas tenham independência", diz Suéli.

Por causa da pandemia, a oficina teve que ser fechada e as mulheres ficariam sem trabalho. Suéli teve uma ideia. "Passamos a costurar máscaras, cada uma em sua casa, claro, porque precisamos respeitar a quarentena."  Elas já receberam encomendas grandes, de bancos, por exemplo. E, agora, preparam, com ajuda de parceiros e doações, máscaras para serem usadas pela população de favelas.  

Com a gravidade da crise, Suéli decidiu aumentar o projeto para todo o Brasil. A rede já está em mais de cinco comunidades de São Paulo e também no Maranhão. "Queremos crescer o máximo nesse momento porque são muitas mulheres precisando. Muitas pessoas autônomas que ficaram sem trabalho. Com a colaboração de empresas, arrumamos uma maneira de fazer, que essas mulheres tenham renda e também possam prover as comunidades com máscaras. 

Como ajudar: https://www.costurandosonhosbrasil.com.br/

Treino na Laje 

DivulgaçãoA professora de ioga Sophia dá aulas nas favelas de São Paulo. Com a chegada do coronavírus, teve que parar. Resolveu, então, coletar alimentos para doar cestas básicas de alimentos, água sanitária e água mineral em nove favelas de São Paulo. Seu grupo já doou mais de 1.500 cestas. Na Sexta-feira Santa, eles doavam garrafas de água. "A situação é de calamidade. Se a gente não fizer nada, quem vai fazer?", pergunta Sophia. "São muitas mães solteiras em necessidade, pessoas que pararam de trabalhar porque são autónomas. Não vamos parar nosso trabalho durante quarentena porque não podemos. É uma situação de emergência", diz. 

Para ajudar:https://www.facebook.com/treinonalaje

Mulheres que (R)existem

A socióloga Rosângela Teixeira e a artista Daniela Machado criaram um coletivo para enviar produtos de higiene e  álcool gel para mulheres em prisões de São Paulo. "Resolvemos focar em mulheres que não tem vínculos familiares, pois são mais vulneráveis". Elas se juntaram também ao projeto "Vidas Carcerárias importam", criado pela ativista Bárbara Querino, que colhe doações para preparar "jumbos" (as refeições que as famílias levam para as presas durante as visitas) para presas que ficarão sem visitas por causa da quarentena, já que suas famílias não poderão viajar.

Para  ajudar: https://www.instagram.com/mulheres_que_rexistem/?igshid=1lw3mt1mcdjvy

Sobre a autora

Nina Lemos é jornalista e escritora, tem 46 anos e mora em Berlim. É feminista das antigas e uma das criadoras do 02 Neurônio, que lançou cinco livros e teve um site no UOL no começo de 2000. Foi colunista da Folha de S. Paulo, repórter especial da revista Tpm e blogueira do Estadão e do Yahoo. Escreveu também o romance “A Ditadura da Moda”.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre a vida das mulheres com mais de 40 anos, comportamento, relacionamentos, moda. E também para quebrar preconceitos, criticar e rir desse mundo louco.