Sâmia Bonfim e ataques gordofóbicos: "tentam me calar mas dão tiro no pé"
"Olha essa gorda, é só mandar um Big Mac que ela come". Esse é um dos inúmeros ataques feitos contra a deputada federal pelo PSOL Sâmia Bonfim, de 30 anos, nos últimos tempos. Os ataques pioraram quando ela assumiu, em janeiro, o namoro com o também deputado Glauber Braga, do mesmo partido.
Sâmia é atacada mais que Glauber. E, no seu caso, os ataques são, em grande parte, falando de sua forma física. Ela é chamada de gorda, balofa..por aí vai. "Quando querem atacar o Glauber, falam que ele namora uma baranga", conta, em entrevista, ao blog.
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No domingo (31/5), o casal postou uma foto na manifestação antifascista que aconteceu em São Paulo. O resultado – além do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) entrar com um pedido de impeachment contra eles – passou o dia sendo atacada por causa do peso.
Isso não é surpreendente porque infelizmente é como as mulheres na política (e não só nela) são tratadas. Do outro lado do espectro político, a deputada Joyce Hasselmann, do PSL (ex aliada de Jair Bolsonaro) tem o apelido de "Pepa Pig", que é usado, inclusive, pelos filhos do presidente.
Gorda não é xingamento. Tem gente que é gorda e pronto. Agora, colocar esse apelido para atacar uma mulher é, sim, absurdo. Conversei com Sâmia Bonfim sobre os ataques que ela vem sofrendo. Leia trechos da nossa conversa, a seguir:
Por que você acha que mulheres na política são atacadas sendo chamadas de gorda, de feias, velhas?
Nos últimos anos, houve um aumento da participação feminista na política e isso incomoda objetivamente os homens conservadores e machistas. Eles vão tentar atacar as que são contra o projeto deles. Principalmente em tempos de bolsonarismo, existe uma antítese ao projeto do Bolsonaro, que é a mulher jovem, a "radical", porque acredita nos seus projetos. No geral acho que esses ataques são uma maneira de tentar controlar a nossa intervenção política, nos calar. Mas acho que tem sido um tiro no pé. As mulheres estão unidas. Existe a sororidade. Assim, mulheres reagem, são solidárias, e acabam se fortalecendo.
Assim feito você, Joice Hasselman, que não é sua aliada política, também é chamada de gorda. O que acha dos ataques sofridos por ela?
O machismo não escolhe ideologia ou partido. Mas no caso da Joice tem a ver com a ela sair do bolsonarismo. Ela era uma peça indispensável deste governo. Quando ela rompeu, causau um abalo muito forte. O que fazem é tentar desqualificá-la por causa dos seus atributos físicos, ela, que ainda é uma mulher muito bonita…
Você foi à manifestação com o seu namorado, o deputado Glauber Braga. É mais atacada que ele?
O Glauber é muito atacado, mas usam a mãe dele, olha que interessante. Ela foi prefeita de Nova Friburgo. Inventam muita fake news sobre ela. Ou fazem ataques se referindo a mim, tentando atacar a masculinidade dele, falando, poe exemplo: "como você namora essa baranga?" "Quem é você que está com esse canhão!?" Isso não abala em nada a nossa relação. Mas é um fato. Eles são agressivos com ele, mas nunca é relacionado com o aspecto físico dele.
Os ataques aumentaram quando você começou a namorar o Glauber?
Demoramos um pouco para anunciar nosso relacionamento, por sermos figuras públicas. Quando abrimos aumentaram os ataques: "vai namorar, não vai trabalhar?" ou 'justo você namorando?". Como se a gente não tivesse direito de ter a nossa vida, a nossa sexualidade. E, claro, é algo que não atrapalha! Pelo contrário, temos uma troca política. Acho que a nossa felicidade incomoda os fascistas.
O Eduardo Bolsonaro anunciou ontem que entraria com pedido de impeachment seu e do Glauber porque vocês foram uma manifestação antifascista em São Paulo. Isso te preocupa?
Estou tranquila. Ele tenta me imputar um crime que não existe. Eu estava em um evento em prol a democracia no Brasil. Não fiz nada de errado. Isso mostra que eles se sentiram atingidos pela manifestação. Eles estão cada vez mais isolados. Isso é uma tática do fascismo, acusar alguém daquilo que você é, criminoso.