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Feira mais explícita da Europa tem boneca que geme e camisa de força sexy

Nina Lemos

18/10/2018 04h00

Em um tenda, jovens fazem fila para testar um novo "videogame". Só que não se trata exatamente de um jogo, mas de uma ferramenta de realidade virtual onde você pode "fazer sexo" em um ambiente paralelo. Com óculos 3D e luvas, você interage com uma mulher nua em um bar. A interação vai desde "chamá-la" com as mãos, até "tocá-la" e, no fim, "transar" com ela. Com suas mãos, você controla o movimento.

Estanho? Muito, mas o "VRXCity", uma das mais avançadas formas de sexo virtual (sim, é muito "Black Mirror") é um dos lançamentos da Venus, uma das maiores (e a mais explícita) feiras de sexo do mundo. A Universa visitou a feira em Berlim no último fim de semana.

No meio de uma tarde de domingo de sol, casais com cara de comportados, senhores e grupos de amigas circulam entre vibradores, estrelas pornô nuas, shows de sexo ao vivo e pessoas montadas inteiras de látex sem o menor constrangimento.

Entre os casais, um dos sucessos são os chicotes de couro legítimo (eles testam batendo na própria mão com delicadeza).

Quem tiver esse desejo, e dinheiro, pode comprar roupas de fetiche "de luxo" (um vestidinho básico de látex custa cerca de R$ 1.000). O traje completo (calça e top de manga comprida) pode chegar a mais de R$ 3.000.

Preconceito é uma palavra que não existe na Venus. Ali, são apresentadas as novidades do mercado para todos os grupos: pessoas mais comportadas, fetichistas, gays, trans, sadomasoquistas etc.

Existe, por exemplo, um estande de uma rede social que une pessoas com fetiches mais exóticos, como escatologia (os vídeos são exibidos sem censura em telões).

Alguns estandes vendem algumas peças que chocam, sim, a repórter, como uma máscara de couro que cobre totalmente o rosto (custa cerca de R$ 300) e uma camisa de força! Sim, existe gente que tem tesão em transar amarrado em uma. Preço da camisa de força: R$ 500 (tem quem ainda pague, e caro, por uma). Cada um com seu cada um? Sim. Dá nervoso? Muito.

Boneca Inflável

Um dos destaques da feira são as bonecas sexuais realistas. As "smarts" são praticamente robôs. Elas são feitas de silicone, têm articulação de metal e se mexem e sussurram. Os modelos são variados e todas são extremamente realistas. Algumas têm, inclusive, peito meio caído, como de mulheres normais.

No catálogo da marca chinesa Shuntai, o consumidor pode escolher o tamanho do peito, a cor dos olhos, o "estilo" de cabelo, a roupa e a altura

Na feira, estavam só bonecas mulheres. Mas os bonecos também podem ser masculinos. "Se eu quiser fazer um boneco de um ex-namorado eu posso?", pergunto para o moço do estande. "Não é muito usual, mas você pode, sim." Um boneco customizado pode custar até R$ 200 mil. E, não, eu não estou louca e jamais faria isso.

É também possível entrar vestido à caráter, depende do seu fetiche, em um Scanner 3D e fazer um boneco seu em miniatura e presentear seu namorado (ou guardar para você, vá saber!).

Entre os casais, um dos produtos mais populares são os vibradores que podem ser controlados à distância. Explico: através de um aplicativo instalado no celular, seu parceiro pode mexer na intensidade da vibração esteja onde estiver. Sexo por telefone? Passado.

Você pode, inclusive, adquirir um vibrador masculino que mede a performance masturbatória do usuário e registra em um aplicativo, parecido com aqueles de corrida. Assim, você vai saber seu tempo, a velocidade, a pressão ideal, seu melhor ângulo para ter prazer. Bizarro? Sim. E para quem não sabe, um vibrador masculino é uma espécie de buraco que simula a penetração vaginal. Por que alguém vai usar uma coisa dessas? Para fazer concurso de masturbação consigo mesmo? Vá saber.

Mas, depois de um dia na Venus, você sai da feira pensando que, em se tratando de sexo, os gostos das pessoas são variados. E podem ser encarados com normalidade (pelo menos na maioria das vezes).

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Sobre a autora

Nina Lemos é jornalista e escritora, tem 46 anos e mora em Berlim. É feminista das antigas e uma das criadoras do 02 Neurônio, que lançou cinco livros e teve um site no UOL no começo de 2000. Foi colunista da Folha de S. Paulo, repórter especial da revista Tpm e blogueira do Estadão e do Yahoo. Escreveu também o romance “A Ditadura da Moda”.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre a vida das mulheres com mais de 40 anos, comportamento, relacionamentos, moda. E também para quebrar preconceitos, criticar e rir desse mundo louco.