Como Réveillon dos famosos faz inveja atingir novos picos no Instagram
Você acaba de acordar. E, ainda deitada na cama, lê uma notícia de que Neymar passaria o Ano-Novo com os "parças" na Bahia. O que faz em seguida? Como qualquer ser humano normal dessa época em que vivemos, vai no Instagram do Neymar, onde vê a foto em que ele embarcava em um jatinho com amigos. E também no de amigos e amigas dele. E confirma que todos estavam em uma praia maravilhosa, com tudo do bom e do melhor.
Você não para. Continua o exercício de masoquismo (afinal, essa é uma das funções do Instagram, e, sim, ele vicia) e a descer pelo feed.
Vê que Sabrina Sato foi a um show da Ivete, famosos estavam em resorts, em praias chiques ao redor do mundo. Era um mundo encantado de praias paradisíacas com legendas tipo "tá favorável", "paraíso que chama?".
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Entre as fotos mais curtidas, aquelas que aparecem em destaques, Ana Paula Siebert, esposa de Roberto Justus, tinha postado um vídeo de um passeio em seu iate luxuosíssimo. O vídeo tinha mais de 139 mil likes! Um dos comentários dizia: "Deve ser bom ser rica. Eu, no máximo, ando de galocha na enchente em São Paulo". Quem não se identifica com esse comentário?
Sim, a diferença entre nossas vidas (nós, os "normais") e as vidas que vemos no Instagram sempre é enorme. Mas ela atinge seu pico nas festividades de Ano-Novo. E, com ela, vem uma certa inveja. O "efeito inveja do Instagram", inclusive, já vem sido estudado por cientistas do mundo todo. A inveja é um fato. É só uma prova de que você é humano. Demasiadamente.
E não sentir inveja depois das redes sociais é algo praticamente impossível de evitar, sejamos sinceros. Segundo alguns estudos, é a inveja, inclusive, a grande responsável pelo sucesso do Instagram. Alguns postam coisas para causar desejo. Outros desejam. E assim segue a roda.
Expectativa x Realidade
Aqui, na nossa vida… Bem, claro, muitos de nós, "normais", passaram a virada na praia. Só que, para chegar à praia, por exemplo, de Copacabana, é um perrengue, tipo uma aventura. Sei porque já fiz isso muitos anos. A fila do metrô é imensa. Pegar táxi é quase impossível. E voltar para casa depois é uma epopeia para fortes.
No caso de quem vai viajar para as praias menores do litoral, os engarrafamentos são imensos. As rodoviárias e os aeroportos costumam estar lotados. Alguém já pegou aquele "nó" que dá na entrada do Terminal do Tietê, quando os ônibus nem conseguem entrar e todos atrasam?
Pois é. Eu já.
Mas o que fazemos? Copiamos os famosos, claro. Também queremos fazer parte da festa da ostentação. Por isso, não postamos esses momentos. Postamos apenas os lindos. Se não temos iate ou jatinho, postamos os fogos, a praia, os amigos, o céu. Afinal, também queremos estar bem na fita (nem que seja para convencer a gente mesmo).
E, sim, eu estou falando de mim também. Todo ano acabo postando uma foto de fogos. Apesar de, na cidade onde eu moro, os fogos serem meio feios. Mas nada que um filtro não resolva, certo?
Um consolo. Se eu, você e muitos outros estamos postando uma foto de um lugar que nem está tão bom assim, provavelmente a vida de todo mundo não é aquela perfeição toda. Esses resorts dos famosos (parece que é a moda do ano) devem ser chatos, ter música ruim na piscina…
Parece perfeito. Mas nunca é. Pensar isso ajuda a diminuir a inveja, opa, e como! Ah, e que nenhum famoso ostentador de jatinho ou iate venha reclamar desse nosso sentimento tão humano de invejar. Se eles não quisessem, mesmo que inconscientemente, provocar inveja por que postariam essas coisas?