Tati Minerato é internada após lipo: sintoma de pandemia estética
Imagem: Reprodução / Instagram @aguiadeouro
A dançarina e modelo Tati Minerato recebeu alta ontem depois de passar 11 dias internada no hospital. Não, não tem nada a ver com a Covid-19. Segundo seus familiares, ela teve uma infecção depois de realizar uma lipoaspiração em uma clínica de São Paulo. Tati, que tem 32 anos, é a nova vítima de uma pandemia antiga no Brasil, que causa danos a muitas mulheres: a febre pela perfeição a estética, a obsessão pelo corpo perfeito.
A síndrome já vitimou mulheres. Segundo dados da FDA (a vigilância sanitária americana) a cada 100 mil lipos, 3 resultam em morte. Alguns casos de complicações depois de procedimentos estéticos são famosos, como o da ex Miss Bumbum Andressa Urach, que que ficou em estado gravíssimo após aplicação de hidrogel nas pernas em 2014. Todas são vítimas de uma indústria lucrativa que vende e cobra perfeição a todo custo.
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O Brasil é o campeão mundial de cirurgias plásticas. Segundo dados da SBPC (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) em 2019 foram realizadas mais de 1,7 milhão de procedimentos do tipo.
O sucesso do país no ramo é tão grande que até exportamos uma modalidade, a "brazilian butt lift" (bumbum brasileiro), um sucesso no mundo todo. Sim, literalmente exportamos bunda.
De quem é a culpa?
A primeira coisa que pensamos quando nos deparamos com um caso como o de Tati é: mas como uma pessoa se arrisca em plena pandemia de um vírus letal? Como todos sabemos, hospitais e clínicas são lugares com alto risco de contaminação de coronavírus. Cirurgias eletivas e consultas médicas, inclusive muitas importantes, estão sendo adiadas. O que leva alguém a correr esse risco duplo (de se contaminar ou ter alguma complicação) em um momento em que a maioria de nós tenta nem colocar os pés fora de casa?
Sim, precisamos lembrar, esse tipo de cirurgia não é como mudar de cabelo ou fazer depilação, apesar de muitas vezes serem vendidas como milagres indolores. Cirurgias e procedimentos invasivos envolvem sangue, dor e riscos.
Mesmo assim, Tati se submeteu a isso no meio de uma pandemia. Segundo um das versões da história, Tati fez o procedimento porque teria engordado durante a quarentena e por isso não se sentia pronta para estrear um novo trabalho.
Ela deve ser culpabilizada por isso? Penso que não. A modelo é mais uma das vítimas dessa indústria maligna que brinca de mágica com o corpo feminino e de uma sociedade que diz que mulheres que pagam as próprias contas exibindo as curvas (nada contra) precisam ser mais que perfeitas.
Que mais esse caso extremo sirva de alerta. Milagres para mudar o corpo não existem. E essa pressão, além de fazer mal para quase todas as mulheres, pode, literalmente, matar. Melhoras para Tati!
E se você está pensando em fazer um retoquinho bem no meio da pandemia… não faça. Pense bem, clínicas responsáveis nem deveriam estar abertas. E, mesmo depois que esse momento passar, lembre-se que esses retoques são cirurgias ARRISCADAS. Não é, definitivamente, tipo comprar uma roupa nova.
Quantas ainda vão quase morrer por causa dessa pressão estética?