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Marcela do BBB e a "Síndrome da Garota que Muda Quando Namora". É roubada!

Nina Lemos

13/03/2020 04h00

"Ah, mas ele não teve intenção". "Ah, ele fez isso sem querer, coitado". "Ai, você viu que coisa horrível ele fez com o Dani?" . As frases, ditas com voz melosa, estão sendo usadas por Marcela, do BBB, para justificar todos os erros que seu namorado, Daniel, comete. A moça, que começou como favorita do programa e virou tipo um ícone defendendo mulheres da casa basicamente virou outra pessoa depois que começou a namorar. Quem nunca viu esse filme?

Marcela passou a defender todas as atitudes do namorado. A discutir com amigas que apontam algum machismo nele. A sempre tomar o lado dele nas brigas e, claro, a deixar as amigas de lado.  Juntos, os dois viraram um casal que critica todo o mundo. nesse mundinho só deles. Ou seja, uns chatos.  

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Resultado: Marcela, de fada sensata (vamos aproveitar para lembrar que fada sensata não existe!) virou uma das mais rejeitadas pelo público.

O BBB muitas vezes imita a vida e comportamentos que vemos ali fazem a gente lembrar de situações pelas quais já passamos. Por isso, te pergunto. Quantas quantas vezes você já não viu esse tipo de coisa acontecer com conhecidas, amigas ou até com você mesma?

Sim, a "Síndrome da Garota que Muda Quando Namora" é fortíssima, arraigada dentro da gente e difícil de curar.  Um vírus potente, do qual temos que nos esforçar para fugir. Já vi mulher mudar de atitude, gosto musical, preferência política, credo… Tudo por causa de homem.

Uma amiga, que falava muito alto  e sempre foi espalhafatosa, depois de começar a namorar um cara de voz baixa, passou a criticar quem falava alto. Ela não percebia que estava se autocriticando, provavelmente por ouvir críticas do namorado.

Essa mesma amiga, com quem eu dividia apartamento, infelizmente, virou ex-amiga. Motivo: o namorado odiava cigarro e eu fumo. Sempre fumei no meu quarto quando dividimos apê. O cara tentou me proibir de fumar na minha própria casa, onde ele ia para visitá-la. Ela ficou do lado dele. Triste, não é? Muito. 

Eu lembrei disso quando vi que a sister Marcela, em um jogo onde deveria dizer com quais dois participantes queria estar na final, deixou uma de suas melhores amigas no programa de lado. Em troca de quem? Do namorado, claro.

Quem nunca foi preterida por um novo namorado de amiga?

Claro, as pessoas se apaixonam e isso é ótimo. Mas, sinceramente, eu tenho idade e experiência de vida o suficiente para saber que deixar amigas ou amigos de lado por causa de namorado é ROUBADA. E das grandes! Esteja você dentro ou fora de um reality show. O final disso nunca é feliz. Você tem duas opções: ou uma hora o relacionamento vai terminar e você vai ter brigado com os seus amigos, o que é péssimo, ou você vai ficar em um relacionamento ruim, porque brigou com as suas amigas e as deixou de lado. Tudo errado.

Aquele "mundinho só nosso, a bolha cor de rosa" do começo de relacionamento não dura para sempre. Já os amigos, desculpem o clichê, são para sempre, sim.

Acho que nós, mulheres, temos uma chance maior de mudar quando estamos namorando maior que os homens (apesar de alguns também caírem nessa). Isso porque fomos criadas para servir, agradar o homem. Varia de criação para criação, claro. Mas acho que as moças que cresceram em ambientes onde o pai mandava, o irmão recebia mais benesses etc, tem mais chance de desenvolver a Síndrome.

A boa notícia é que a gente sempre pode aprender com nossos erros. Muitas de nós só percebemos a roubada que é se anular e mudar de personalidade porque está namorando depois de fazer isso, perder amigas, ter que voltar para elas, pedir desculpas e sofrer muito. 

Por isso, uma coisa eu digo, com a certeza da experiência: seja a Marcela, você que me lê ou a sua amiga, não tem como isso acabar bem. Como dizemos de crianças, isso sempre acaba em choro. Fiquem atentas!

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Sobre a autora

Nina Lemos é jornalista e escritora, tem 46 anos e mora em Berlim. É feminista das antigas e uma das criadoras do 02 Neurônio, que lançou cinco livros e teve um site no UOL no começo de 2000. Foi colunista da Folha de S. Paulo, repórter especial da revista Tpm e blogueira do Estadão e do Yahoo. Escreveu também o romance “A Ditadura da Moda”.

Sobre o blog

Um espaço para falar sobre a vida das mulheres com mais de 40 anos, comportamento, relacionamentos, moda. E também para quebrar preconceitos, criticar e rir desse mundo louco.